domingo, 29 de junho de 2008

Trilha.


Enquanto eu tomava cuidado para não cair, em meio a todo aquele mato e terra molhada, pensei que não existe nada melhor do que estar em boa companhia. Para dar risada, contar a mesma história tantas vezes, fazer piadas de coisas dolorosas como uma tentativa de tornar a vida mais leve. A nossa. A de nossa companhia. Ter alguém ao lado, seja quem for, faz sua vida não passar em branco, não passar sem graça, não passar depressa. E repare como tudo é mais lento quanto estamos em boa companhia. Quando percebemos, vemos que o tempo andou, andou depressa, mas só porque achamos, um pouco antes, que o tempo havia parado.

Na trilha que fiz, revi a trilha que criei de minha vida, onde percorri tantos pedaços cheios de lama, pedras, mas também com flores lindas e um ar puro que só fui capaz de sentir depois da descoberta simples de que só preciso respirar fundo. Antes de gritar, abandonar, desistir, parar. Respirar fundo antes de dizer algo importante só para passar mais segurança, respirar fundo antes de sorrir só para os olhos brilharem mais.

Não escrevi qualquer frase numa das árvores que encontrei pelo caminho como uma tentativa de mostrar a quem viesse depois que passei por ali. Porque eu vi algumas inscrições. Eu pensei, na verdade, se aquelas pessoas ainda se lembram do que viveram. Se ainda conversam com as pessoas que as acompanharam. Se ainda amam quem juraram ali amar até o último dia de suas vidas. Não que tudo tenha de ser eterno. Entendi que muitas pessoas escrevem para outras quando deveriam escrever para elas mesmas.

Pensei em escrever ali, mas preferi escrever com mais letras, mais sentimentos, mais significados que não caberiam numa árvore. E talvez nem no meu mundo tão infinito feito de papel. O que eu desejo escrever sobre qualquer pessoa que me acompanhe é algo ainda sem definição, porém algo conscientemente imprescindível para minha felicidade real, verdadeira e, sem dúvida, redundante.

Ouvindo: Johnny Rivers - Do you Wanna Dance?

Foto: Arquivo Pessoal.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Mr. Inalcancável.


Vontade de chamá-lo de Mr. Inalcançável. Aquele que não importa o que penduremos no pescoço, mas nunca chamamos a atenção. Eu só queria que olhasse para mim e quisesse se sentar ao meu lado. Um desejo simples. Sabe aquela pracinha no centro de nossa cidade? Eu fico ali sempre à sua espera. E sempre ponho o meu vestido preferido. E aquela água-de-cheiro que mistura aroma de saudade e de desejo ardente de ser feliz. Olho para os lados sempre e nunca vem. Fico mexendo meus pés para frente e para trás. Será que um dia me verá, me notará? Será que um dia conquistarei seu coração, menino?

Um dia vai se sentar ao meu lado. Olhar a lua comigo. Puxar qualquer assunto. Tomar um sorvete de limão. E não será mais o Mr. Inalcançável. Será o meu amor.

Ouvindo: Vitor e Leo - Tem que Ser Você.

Foto: Arquivo Pessoal.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

P.S. de Minhas Cartas.



Estou ensaiando algumas palavras para dizer. Porque sempre arrumo pretextos para dizer. Nem sempre ensaiados. Nem sempre tão sem objetivos. É uma necessidade quase vital dizer o quanto você é importante para mim. É talvez um medo de precisar de uma certeza, de um alguém que nunca te abandonaria, que nunca negaria um corpo para esquentar seus dias frios de dor ou solidão. Longe. Perto.

E volto algumas idéias para elaborar melhor. Desisto de outras por achar tão piegas o amor, em alguns momentos. Momentos como este que ensaio o que na vida deve ser mais espontâneo: o amor.

E a certeza que tenho de sentir o que sinto é tanta que ouso temer o que seria de você sem meu amor. E não quero parecer dona do mundo. Ou sua dona. É que não penso quem poderia fazer tão parte de você além de mim. Porque me adapto a você e aos seus sonhos sim, mas mais ainda porque não quero que seja ninguém mais além de você.

Em qualquer situação da vida ao meu lado vai ver que a observação final será o meu amor. Como um lembrete de que muitas coisas ruins poderão acontecer, mas que nada mudará a essência, o princípio. É a P. S. de todas as minhas cartas.

Ouvindo: Natalie Cole – I Told You So.

Foto: Cenas do filme "P.S. Eu Te Amo". O retrato de minhas histórias, do que acredito ser o amor, do que desejo para mim sempre, do amor que sempre dou e quero receber. Sem medo.

domingo, 15 de junho de 2008

Tipos.


Falando de filmes com o Bruno, ele tentou por alguns minutos lembrar de um que, segundo ele, era a minha cara. Hummm. Qual poderia ser. E eu pensei em alguns gêneros, para ver se eu achava um. Um entre aqueles filmes super reflexivos, que tem um fundo moral impressionante. Esses sempre são filmes que me empolgam. E o que o Bruno quis lembrar, claro.

Estive no Dream Fashion Tour - mega evento que mixa desfile de moda, música e bate-papo com personalidades do mundo fashion. Fui a trabalho, acompanhar os garotos da Fábrica de Criatividade que abriram o show do Marcelo D2. Muito minha cara esse tipo de evento. Tudo o que eu gosto num lugar só. E foi muito interessante a experiência.

Cheguei cedo, por volta das 19h. O evento começaria às 21h. Duas horas esperando nos bastidores. Como sempre levo um livro para qualquer lugar que eu vá, não foi tão torturante a espera. Sentei-me num almofadado enorme nos bastidores e ali deitei, sentei, lendo.

Consigo apostar que muitos que passaram e me viram ali se perguntaram se eu sabia onde estava. Não estava bem vestida - um tênis, uma jaqueta, um jeans básico. É. Não poderia ser reconhecida como um tipo fashionista. E foi aí que comecei a notar algumas coisas. Há os fashionistas e os "tipos" fashionistas. Havia muita gente linda, que se vestia impecavelmente e que dava para notar que fazia parte dela mesma a arte de bem vestir. Mas havia algumas pessoas que se vestiam para ser notadas, dava para sentir no olhar, como se não pudessem se sentir "existentes" sem olhares voltados para si. Esses são os que considerei tipos fashionistas.

Amo moda. Amo. Sou leitora fiel da Vogue! Mas confesso que senti um profundo incômodo em estar ali. Ouvi conversas, percebi gestos e posturas frente aos camarins dos artistas que deixaram com uma sensação de vazio. Não sei. Não gostei. Mas entendi. É o melhor dos mundos. O da aparência. Quem dera não fosse só aparentemente.

Questionei minha paixão por moda. E o Bruno, em seu comentário, aliviou-me. "Putz, qual é mesmo o nome do filme?". Eu imaginei onde ele queria chegar e respondi "O Diabo Veste Prada". "Isso, sua cara. Uma mina estilosa, mas sem ser fútil, inteligente e tal". Sosseguei. E virei mais uma página da Vogue deste mês.

Ouvindo: KT Tunstall - Suddenly I See.

Fotos: Dream Fashion Tour - Edição São Paulo - Via Funchal.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Humor.

Estudos para obra “Linhas, Formas e Gestos” feito com nanquim sobre papel vegetal.

Estudos feitos com tinta látex sobre tecido para obra “Linhas, Formas e Gestos”.

Sinceramente? É estranho ainda (e isso tem acontecido muito) ouvir que sou engraçada. Adoro minhas próprias piadas, assumo, mas ainda tenho dúvidas da autenticidade do meu bom humor. E isso não pode soar engraçado!

A Marcella acabou de me ligar. Uma garota que conheci não tem nem uma semana, num almoço com a Katy Corban, depois do evento “Abraço ao Parque Trianon”, liderado pela Katy, organizado pela FIESP, na última sexta-feira 6 de Junho. Enviei a ela o convite do show que vamos realizar da Banda “Bazar Pamplona” e ela foi muito elegante ao explicar o motivo de não poder comparecer. O que chamou sua atenção, na verdade, foi a minha forma de responder ao seu e-mail. Na ligação, Marcella comentou que estava no escritório ainda (mais de 21h) e estava de “saco-cheio”, resolvendo conversar com uma pessoa engraçada. Eu?No domingo, quando a Maire ligou do Rio de Janeiro perguntando como tinha sido o sábado, respondi que resolvi dormir cedo porque eu me sentia chata. “Chata, você?”, disse ela. Não?

O mau humor freqüentou minha casa (myself) por muitos anos. E eu o reconhecia já como morador (convidado ou não, bem vindo ou não). Lembro-me que perguntava a mim mesma se um dia seria diferente (porque eu realmente queria que fosse), mas não tinha a menor perspectiva de que uma mudança acontecesse.

Hoje, recebi um e-mail da Kelly Sampaio, amiga carioca que fiz numa viagem ao Rio em 2005. Neste e-mail estava escrito uma frase que me chamou a atenção: “Para obter algo que você nunca teve, precisa fazer algo que nunca fez”. Isso!O que eu nunca tinha feito era olhar a vida como olho hoje. Porque a beleza realmente está nos olhos de quem vê. E a graça também!

Ouvindo: Celine Dion - That's The Way It Is.

Fotos: Exposição "Delineamento Urbano", do Artista Plástico Márcio Moreno, que abriremos na Fábrica de Criatividade neste sábado 14 de Junho.