terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vício.


Quantas pessoas você conhece viciadas em felicidade? Provavelmente, conhece viciados em drogas, álcool, trabalho, sexo, entre outros, mas em sorrisos, felicidade pura, quantas pessoas consegue lembrar sem esforço?

Qual o seu vício?

Quero despertar o mundo para a realidade de suas depressões. O quanto isso enche o saco. O quanto isso envelhece e o quanto lamuriar só afunda o buraco emocional. Não estou sendo dura com os momentos difíceis que todos nós enfrentamos, ao contrário. Sensações/acontecimentos/momentos ruins me perseguem bastante também e é super natural qualquer pessoa me ver falando sobre algo que me aporrinha. Mas em qual momento deixamos que o natural e saudável ato de desabafar se torne o início de uma energia turva, que cria lodo de tão parada?

A vida é sim uma montanha russa e nem sempre quando estamos por baixo conseguimos acreditar que ela subirá novamente e que voltaremos a ver as paisagens que nos emocionam de um lugar privilegiado. A discussão que provoco aqui é: o que fazer quando estamos presos na cadeirinha da montanha russa sem poder descer? Até que voltemos para o alto, o que pode tornar nosso momento “em baixa”, justificável?

Seja sincero, você está feliz neste exato momento? Se não – o que é completamente normal porque não entendo felicidade como um orgasmo de 24 horas, mas como o estado relaxado pós orgasmo (que incrível analogia) – o que você estaria disposto a fazer por você agora, neste instante?

Ouvindo: O Tal Casal – Vanessa da Mata

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sandy em São Paulo.


Com roupas delicadas, em plissados e rendas, Sandy já estava ao palco quando as cortinas do Citibank Hall subiram, anunciando o início do segundo show da turnê Manuscrito. Depois do hiato de três anos, a cantora empolgou a plateia, como nos velhos tempos. O cenário rústico, composto por penteadeira, abajur, lustre e outros móveis e acessórios vintage, proporcionou um clima intimista e delicado. Até os telões, costumeiros dos grandes shows, no espetáculo de Sandy estavam como ela: suaves, criativos e com muito bom gosto. No espelho da penteadeira decorativa via-se o show, capturado de diversos pontos e sob várias formas de olhar. Perfeito.

Pés cansados abriu o show. Com uma banda afinadíssima – que arrasaria até sem a protagonista – o público se rendeu e cantou o mais alto que pôde. O setlist prosseguiu com as canções de seu primeiro álbum solo, intercaladas por sucessos de outros artistas como: Corinne Bailey Rae, KT Tunstall, Oasis, Marisa Monte, Lulu Santos e Lenine. Discretamente insegura, na interpretação de Beija Eu, de Marisa Monte, Sandy entregou a emoção que vivia naquela noite. Retornar aos palcos, agora sozinha, era um desafio que só aumentava conforme o tempo passava. Nesses três anos, seu irmão, Junior Lima, já se enveredou em diversos projetos. Do passado, Sandy trouxe ao palco - para o delírio dos fãs - as canções Turu Turu (Quando Você Passa) e Estranho Jeito de Amar.

Compreensão, contudo, foi a palavra que faltou. Não imagino que seja tão difícil para os fãs entenderem que a realidade hoje é outra. Ela cresceu, é casada, mudou de estilo e tem uma proposta diferente daquela que a lançou. Ávidos para reviver os gloriosos anos de Sandy & Junior, a grande maioria da plateia não respeitou alguns limites. Decepcionante cena quando alguém localizou o Junior na plateia. Sem o menor respeito, garotas saíram em disparada em direção a ele, não se importando com a artista no palco, menos ainda com o incomodo que causaria ao próprio Junior e à família. Junior teve que sair escoltado pelos seguranças, no momento que a plateia perdeuo totalmente a compostura subindo em mesas e cadeiras. Sandy cresceu, mas seu público não. Triste.

Ela pareceu estar muito feliz. Foi bem acolhida e aplaudida. Sem muitas pretensões – como falou diversas vezes – fez o show para quem a queria. E fez muito bem feito. Cantou, tocou, dançou. Provou que a simplicidade funciona quando se tem algo a oferecer. E sem julgamentos, ela tem sim algo a oferecer.

Ouvindo: Tão Comum - Sandy

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Hold My Hand.

Demorei, mas está aqui minha impressão. Michael Jackson tem um porta voz extra-oficial. Akon. Hold My Hand está disponível, completíssima, podendo ser só ouvida por todos os fãs que estão se deliciando com as doses homeopáticas do primeiro disco póstumo. Quem não leu sobre Breaking News pode buscar aqui mesmo. Sobre Hold My Hand, então:

Que saudade dessa doce voz. Agora sim é o Michael Jackson que amamos. A terna Hold My Hand já tinha vazado logo após sua morte, mas a faixa não estava totalmente pronta. Ao contrário de Breaking News, Michael Jackson gostaria que o dueto com Akon fosse o primeiro single do álbum. Conta-se que esse desejo, inclusive, tinha sido deixado por escrito por MJ. Estranho, porém completamente possível. Sem muitos detalhes sobre como se deu essa morte – ou como eu penso que se deu essa morte.

Adoro a leveza, a batida mansa e como MJ se coloca na letra que – agora sim – tem tudo a ver com ele. Uma proposta simples e sincera de caminhar junto. Embora Akon não esteja na lista dos meus artistas preferidos – o que pouco importa se o trabalho é realmente bom – gosto da música. Fiz um bico meio torto quando soube que 50 Cent e Lenny Kravitz também estarão no disco, imaginando que se Lady Gaga ou Rihanna embarcassem nessa eu poderia até enfartar, mas decidi esperar para ver o resultado sem muitos devaneios.

Ok. Hold My Hand me deixou feliz e mais curiosa. Feliz de verdade, como me sinto com qualquer canção simples e melódica.

Ouvindo: Hold My Hand – Michael Jackson

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sérgio Saas. Vencedor. Raiz Coral. Vencedor.


Um homem de 35 anos, aparentemente, cantava com os olhos fechados perto de mim. Sozinho, imerso em sensações e pensamentos, sentia a letra com verdade. Transpirava fervor. Parecia pedir entusiasmadamente, ali, que algum desejo se tornasse realidade. Vencedor, a música carro chefe do terceiro álbum do Raiz Coral, foi a canção que alcançou esse personagem a ponto de chamar minha atenção. Invejosa de sua capacidade de entrega, tentei trazer à memória meu grande sonho. Impossível, óbvio. Ninguém vive a experiência do outro mesmo que o desejo seja ardente. Parada, mirando esse rapaz, pensei: Quem são eles? O que eles têm? O que é diferente na lista invejável de shows nacionais e internacionais que eu já vi? Lançado para uma plateia não tão cheia em números, mas inundada de desejos de conquistas, o lançamento do álbum Vencedor, do Raiz Coral, entrou para o hall dos grandes shows.

Por quê? Ao rascunhar essas linhas, ainda sinto-me plainar em percepções. Não é fácil falar de um show que mexe com sensações mais escondidas. Os cantores ali, além da missão de fazer um grande espetáculo, buscam chegar a um lugar escondido. Porque se consideram instrumentos, porque acreditam em alguma coisa diferente. Em busca de respostas que talvez sejam impossíveis de colocar em palavras.

Painéis em LED ao fundo, uma orquestra à esquerda e uma banda à direita abraçaram os cantores posicionados ao meio. Vestidos em tons neutros, do branco, passando pelo nude e oscilando entre várias nuances do marrom, cada um tomou seu lugar até o líder entrar por último: Sérgio Saas. Quando a primeira canção começou e foi dada a largada para o início do espetáculo, a plateia já estava completamente rendida e esquecida da espera angustiante de mais de 1h30.

Ritmado, potente, as primeiras canções revelaram um grupo mais maduro e menos necessitado de holofotes. A união estava ali. Destaque sublinhado para os solos de Paloma Possi. A presença de palco da garota mostrou que não só as vozes estão aprovadas no quesito profissionalismo. A postura de Sérgio Saas ao tomar o lugar de qualquer cantor que dava um passo a frente para solar, tornando-se um deles, também causou-se profundo encanto. O líder expressou sem palavras que não existe diferença. E o resultado dessa mudança de posicionamento emocional e espiritual foi possível notar ao longo do show. O recuo de Sérgio Saas como a figura central foi estratégico para a valorização do todo perante a plateia e parece que, do todo perante eles mesmos. E o maior vencedor com isso foi o próprio Sérgio Saas. Na ânsia de vê-lo brilhar, a espera foi muito bem compensada. O solo Lugar Secreto – estupidamente lindo – e as três músicas finais mostraram o artista completo. Ele cantou, dançou, exibiu belíssimos sorrisos e falou com uma graça arrebatadora – algo que senti falta desde o início do show até entender que ele não precisa mais disso. Com 32 anos, Saas exibe performance dos grandes astros - e não vou dizer que ele está no ápice de sua carreira porque sei que ele pode alcançar mais. O potencial de Sérgio Saas chega parecer infinito, como nossa capacidade de nos espantar diante de uma interpretação qualquer exaustivamente exibida. E nos espantamos sim. E ficamos boquiabertos sim.

O orgulho de Saas ao dizer que tudo o que foi apresentado foi “orgânico” – querendo dizer que tudo foi tocado ao vivo, sem nada gravado – foi orgulho também de todos os que apostam na música gospel no Brasil. Talento há, potencial há. Tudo depende do trabalho duro e do quanto o artista está disposto a se desamarrar de velhos hábitos nocivos: de uma apresentação amadora no que se refere à presença de palco, passando pelas roupas, cenários, chegando à recepção dos convidados – o mais grave ponto fraco desse show. Tantos anos na estrada e eles ainda não encontraram a produção de evento perfeita. Quem pagou não mereceu o que recebeu em termos de recepção.

Mas Vencedor alcançou a linha de chegada. Prova o amadurecimento, a paixão, a força da mensagem e, principalmente, a genialidade de seu líder. E coube perfeitamente para Sérgio Saas a palavra ministrada pelo Pastor Roney Oliveira: "o pódio não faz um vencedor, ele apenas torna público o que já existia em secreto".

Trabalho. Trabalho. Trabalho.

Ouvindo: Lugar Secreto – Raiz Coral.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Breaking News de Michael Jackson.


Saiu a tracklist do álbum MICHAEL. Dez músicas farão parte do primeiro álbum póstumo, previsto para chegar às lojas em Dezembro. A bem sucedida Hold My Hand, em parceria com o Akon, está entre as dez. Outros dois duetos contam com Lenny Kravitz e 50 Cent.

MICHAEL ALBUM TRACKLIST:

1. Hold My Hand (Duet with Akon)
2. Hollywood Tonight
3. Keep Your Head Up
4. (I Like) The Way You Love Me
5. Monster (Featuring 50 Cent)
6. Best Of Joy
7. Breaking News
8. (I Can’t Make It) Another Day (Featuring Lenny Kravitz)
9. Behind The Mask
10. Much Too Soon

Nesta última semana, Breaking News ficou disponível em streaming para os milhões de fãs do cantor. Opiniões diversas invadiram a rede e muita polêmica em torno de sua voz. É ou não Michael Jackson?

Ouvi Beaking News muitas vezes para poder tecer uma opinião isenta de emoções. Não é porque é o primeiro single “póstumo” que vou dizer “Ooh, que som”. Sei. O mundo ficou meio agitado com essa prévia. Desde 2001, com Invincible, nenhum álbum novo de Michael Jackson foi lançado no mercado. O jejum de quase 10 anos causa sim um movimento.

A batida é dele, embora eu não resista em contar que lembrei do Backstreet Boys. Quando começa a cantar, contudo, não me parece ser ele. Não vou entrar na polêmica e dizer que não é Michael Jackson cantando. Acho apenas que a voz está fraca para ser reconhecida como a dele; aquela voz que consegue ser forte e frágil ao mesmo tempo. Parece que o “photoshop” sonoro não conseguiu potencializar sua voz e deixá-la no nível da batida. Faltou fôlego. Não ignoro que essa música não tenha sido finalizada por ele. Sabe-se lá como ela estava quando pensaram em terminá-la, mas não sinto que MJ tenha se colocado ali. E aqui concordo com alguém da trupe dele que disse ser um erro esse lançamento, pois se MJ não a inseriu em algum álbum é porque não a achou adequada.

Meu maior incômodo, contudo, está na letra. O sentimento do astro era realmente esse, de insuportável indisposição quanto à perseguição obsessiva da mídia, mas daí que a música chamariz do álbum fosse essa, achei um pouco demais. Pode ser exagero e até emotivo demais. É que penso que um artista como Michael Jackson merece que todas as obras póstumas – que sabemos que há muitas músicas inéditas gravadas – sejam tão marcantes como as que já foram lançadas. Para mim, hoje, Breaking News traz de volta uma discussão desnecessária. A mídia que o perseguia, que alimentava todos nós que gostamos de ler a seu respeito – muito mais os que adoravam ler sobre suas desgraças. Romântica ou não, eu esperava uma canção que falasse do que ele gostava de falar não sobre sua dor. Amor, desamor, encontros, desencontros, o amor à dança, à música, frases de efeito de encorajamento ou sua incansável busca por um mundo melhor. São muitos os elementos característicos de suas letras. Mesmo que eu olhe por outro ponto de vista, de que a canção representa um desabafo (em 2007) sobre o que o levaria à morte – e não falo da overdose, mas do cansaço de viver entre tantos que só o viam com um “estranho”, como fala a letra, não me convenço.

Breaking News terá vida curta. Uma pena. É esperar o álbum sair para ver se a seleção conquista pelo todo. Se as demais músicas seguirem essa linha e se o objetivo for lucrar acima de tudo – e mais uma vez em cima de MJ – acho que conseguirão. Todos os fãs comprarão o álbum, eu inclusive. Bom ou não é mais uma obra e qualquer pessoa que o tenha admirado com sinceridade irá querer. Agora, se o objetivo é dar continuidade ao brilhantismo do seu legado, talvez algumas canções devam ser colocadas numa gaveta secreta. Não quero e não gosto de pensar que Breaking News realmente seja a definição de “Todo mundo querendo um pedaço de Michael Jackson”.

Ouvindo: Michael Jackson – Ain't No Sunshine

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Black Eyed Peas em São Paulo.


Mau gosto. Simples. O show que encerrou a passagem do Black Eyed Peas pelo Brasil foi de mau gosto. E juro que não é mau humor ou exigência. A proposta futurista não convenceu. Esperava mais em tecnologia, som, presença de palco e, principalmente, setlist. Os raios em LEDs que tomaram o estádio realmente foram incríveis. Mas só. Mesmo que a proposta tenha sido “música para consumir de imediato”, nem isso foi possível. O som estava ruim, os playbacks muito baixos não combinaram com o volume das vozes, deixando a impressão de karaokê. A pontualidade foi louvável. Às 22h em ponto o quarteto despontou. Cerca de 60 mil pessoas – maior parte adolescente – pularam e consumiram o que morreria ali, duas horas depois.

Não vou comentar sobre a passagem de David Guetta porque não vi. Então, concentro-me no desempenho do BEP. A banda de apoio não percebi. Figurantes? Cheguei a me perguntar se apenas o canto de onde eu assistia recebia aquele som. Mas não! Quando a dublagem imperava, o som tornava-se cristalino. Let's Get It Started abriu o espetáculo. Ruim. Preferia Boom Boom Pow. Muito mais impactante. O cenário de ficção científica foi pobre. Os vídeos apresentados no show do Bon Jovi foram muito melhores e mais modernos. Shows diferentes sim, porém falo da mesma coisa. Um show com tal proposta tem que minimamente apresentar o que há de mais moderno. Figurino, ok! Fergie deslumbrante, ok! A beleza da moça exala e alcança mesmo. Linda. Mas só. Em poucos momentos foi possível ouvir sua voz e quando se ouvia era algo mais que estridente. Sofrível performance em Missing You. O momento solo da loira também não convenceu. Teatro demais, voz de menos. Uma dublagem ridícula ficou evidente quando no intervalo ela gritava “camon”.

Dava para piorar? Sim! O solo de Taboo trouxe uma participação gravada do cantor colombiano Juanes. E adivinhe o que estampava nos telões? Nossa bandeira e um imenso “Brazil”. Hã? Música colombiana e Juanes? Chamasse o síndico! Poderia ser uma música do tão cultuado pelos BEPs Jorge Ben Jor, não poderia? La Paga me matou. No último solo, Will.i.am tirou de mim o fio de esperança que restava. Embarcando numa de DJ, o homem foi de Sergio Mendes, Michael Jackson, Red Hot Chilli Peppers, Blur, Nirvana, Guns N'Roses em 10 minutos. Sem falar dos dances saturados típicos de baladas da Vila Olímpia. Hã? E teve um “arriba” ainda.

Achei que os BEPs fossem melhor no palco. Quatro é um número bom para preencher os espaços e tornar tudo harmônico. Fergie rebolou conforme o esperado. Em Mas Que Nada, passistas de samba foram ao palco reafirmando a imagem do Brasil- é-só-isso. Para o final, Will assumiu o papel de orador oficial do grupo. O discurso chato e longo sobre o país teve até promessas de apartamentos e casas no Rio e em São Paulo. E hoje li no UOL que ele disse isso em outros lugares. Ok. Eu não tinha acreditado mesmo.

A galera explodiu ao som de I Gotta Felling. Para mim, nem essa salvou. Fim de show.