quarta-feira, 22 de abril de 2009

Ponto G.


Hermínia Pires mandou-me este texto. Uma continuação do meu pensamento sobre o modo mais eficaz de um homem tirar a roupa de uma mulher. É um texto de Martha Medeiros.

Vou dedicar ao meu querido Mad Zoo.

"Ah, o Ponto G. Esse paraíso secreto que leva os homens a explorações minuciosas. Tanto trabalho por nada. Não temos um Ponto G, mas dois, um em cada lateral da cabeça, e não é preciso tirar nossa roupa para nos deixar em êxtase. Falem, rapazes. Digam tudo o que sentem por nós, assim, assim...assim.

Concordo com a autora de A Casa dos Espíritos: o melhor afrodisíaco é a declaração de amor. Não aquelas mecânicas, faladas no piloto automático, mas as verdadeiras, sentidas, aquelas que os homens imaginam que basta serem ditas com o olhar e com as mãos, mas que fazemos questão de escutar, também com a voz. “Como eu gosto de estar com você, como você é linda, esqueço do tempo ao seu lado, que horas são? Já? Que me esperem, não consigo desgrudar de você, amor.”

Caetano Veloso vendeu um milhão de cópias do seu último disco e tenho certeza que não foi por causa de “vou me embora, vou-me embora, prenda minha...” e sim “ por que você me deixa tão solto, por que você não cola em mim?”

As feministas mais ortodoxas devem estar bufando. Tanta coisa pra se exigir de um homem: mais espaço na política, mais ajuda em casa, salários iguais e nada de gracinhas no escritório, e vem essa daí clamar palavras! Pois essa daqui acha tão interessante a idéia de igualdade entre os sexos que adoraria vê-los soltar o verbo como nós fazemos, expressar os sentimentos sem medo de ser piegas, afirmar e reafirmar diariamente como a gente é importante para eles e que saudades estavam do perfume do nosso cabelo. Clichês em último grau, reconheço, mas quem quer ser moderna nessa hora? Tudo o que se reivindica é o desbloqueio emocional masculino. Nossos hormônios saberão como agradecer."

Ouvindo: Michael Jackson - Human Nature
Imagem: Da Internet.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Personificação.


Como fashionista, tenho optado estranhamente por passar despercebida. Trabalhando agora na Avenida Paulista – para mim uma das maiores passarelas urbanas do mundo – teria todas as razões para andar impecável. Mas não tenho feito isso. Nem sido o que estou observando as mulheres serem. Saltos altíssimos, roupas da moda, cabelos lisíssimos. O retrato perfeito da mulher executiva-moderna, aquela que não pode sentir medo, chorar e que sabe tão bem quanto um homem liderar, fazer e acontecer.

Esse período como anônima tem sido muito bom. Estou observando coisas que não observaria se estivesse também no estilo. Quantas mulheres forçam uma imagem de poderosa e quantas realmente são? E como é uma mulher poderosa?

Distraída, refletindo tudo isso sozinha, reclusa, ao voltar do almoço tive uma surpresa. Uma das mulheres mais estonteantes – para mim, certamente – bem ao meu lado. Linda! Esplendorosa!Marília Gabriela. Como ela adivinhou meus pensamentos?

Sua imagem é forte demais. Elegantemente vestida e tão alta, ela é a personificação da mulher poderosa. E pensei ali, diante dela, que mesmo que sua roupa fosse medíocre e seu carro não ostentasse também tanto poder, ainda sim ela seria. Paralisei.

Curiosa – e contando com um dia de trabalho um tanto monótono – vasculhei algumas coisas sobre ela na Internet. E no primeiro artigo que li, ela fala sobre solidão. Que sente a solidão, vive a solidão e que aprendeu a ser o homem e a mulher.

Depois que ela entrou em sua mercedez e seguiu, descendo a Haddock Lobo, nos Jardins, eu segui mais cheia de mim, peguei a “rabeira” de sua aura inabalável.

O que faz uma mulher poderosa? Talvez, a ausência do medo. Ou o constante desafiar.

Ouvindo: Marvin Gaye – Let’s Get It On

Imagem: Marília Gabriela.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Indulgência.


Quando a autocrítica é como uma navalha afiada a alma não consegue ser o que deveria ser. Traços sem sentido e profundos marcam e nunca mais somem. Por que maltratamos nosso coração e nos julgamos com tanta crueldade? Quando fazemos mais por outras pessoas que por nós mesmos, quando não temos autocompaixão ou amor a ponto de nos colocar no colo nos tornamos cruxificadores do Deus que mora em nós. Mas que tendência humana é essa?

Ouvindo: Tempestade – Família Soul
Imagem: Da Internet

terça-feira, 7 de abril de 2009

Habilidades Masculinas.


Enquanto esperávamos o pedido, Mad Zoo segurava carinhosamente minha mão. Seu jeito tão forte, imponente e direto encheu-me de segurança, fazendo evaporar todo o mau humor que eu sentia, devido à chuva que havia tomado e aos pensamentos que estavam ainda em erupção.

Eu, vulcão, entrei novamente em atividade ali, naquele restaurante. Fatiei o frango frito e os meus pensamentos, dissecando-os diante da única pessoa que poderia me dar algumas respostas – por ser alguém que não tem medo de me chamar de louca, decepcionante e de me fazer voltar ao mundo real. O que foi exatamente o que ele fez.

Mas não vou escrever sobre o assunto mastigado ali. Vou escrever sobre ele.

Toda mulher merece jantar, domingo à noite, com um homem como ele! É qualidade de vida! Alguém que anda pela rua colocando-se sempre ao lado esquerdo; alguém que ao atravessar, subir, descer ou virar coloca a mão em sua cintura para guiar o caminho; alguém que pede o cardápio e escolhe (e escolher sempre é muito importante); alguém que olha em seus olhos enquanto conversa; que quer realmente saber sobre seus sentimentos e não acha uma perda de tempo tentar entender a natureza deles e que, claro, não deixa passar qualquer chance de dizer que você é uma mulher muito interessante. Enfim, um homem que se abandona e que só tem um objetivo, jantar sua aura.

Alguns homens passam a vida inteira tentando tirar a roupa de uma mulher enquanto outros conseguem fazer uma mulher tirar a roupa sozinha, de forma tão espontânea e inconsciente, que elas quando percebem... Mad Zoo, para mim, é um desses homens.

Não tirei minha roupa para ele, já esclareço. Ele é um grande amigo de quem sou devota, por sua história pessoal e profissional, seu talento e sensibilidade. É que sua personalidade é tão interessante que decidi escrever sobre o assunto e chamar os homens a pensarem um pouco em suas abordagens. Um homem que transforma uma agitada, neurótica, ansiosa, nervosa, mal humorada em uma doce, engraçada e interessante mulher em segundos é merecedor de um texto, uma música e até um livro.


Ouvindo: Sara Bareilles - Gravity

Imagem: Da Internet.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sobre a Raiva.


Foi o Rafael Brito que me acordou para esta verdade: a raiva me faz crescer! Contrariando (só um pouco) os malefícios que este sentimento causa às artérias do coração, a raiva é uma mola propulsora poderosa em minha vida. E eu consigo identificar, em segundos, passos importantes ou decisões que mudaram rumos da minha história, partidos desse sentimento.

Abre parêntese: esses dias, arrumando minhas coisas no guarda roupa novo, encontrei uma reportagem que fiz sobre o assunto quando eu ainda estava na faculdade, o que prova o quanto sempre me preocupei com a possibilidade de enfartar devido algum acesso de raiva. Fecha parêntese.

Não sei o motivo, mas sei que é real. A raiva me faz conquistar o inconquistável. E, dependendo da situação, me liberta de inúmeros outros sentimentos que para mim são ainda mais angustiantes como a dúvida, a insegurança e a sensação de prisão que sempre tenho quando algo não está resolvido.

Essa motivação não é uma forma de fazer a pessoa (ou a situação) me engolir, propriamente dito, mas de desafiar-me à verdade, triste verdade, que muitas vezes deixamos de crescer por acreditarmos que não podemos ou não conseguimos.

Para mim, a lógica é a seguinte: odeio ser desafiada. Fale que eu não sei, não sou ou não consigo. Detona dentro de mim uma bomba que explode preguiça, medo ou pudor. Porque decidi escrever sobre isso? Não sei ao certo. Apenas queria expressar que os sentimentos fazem bem, mesmo quando aparentam ser completamente inúteis.

Ouvindo: True Colors (ao vivo) – Cyndi Lauper.

Imagem: Raphael Tito, Rio de Janeiro. Talento para a fotografia que sempre me deixa sem palavras. É um gênio para as artes, com sensibilidade aguçada para sentir, viver, experimentar. Uma imagem.