Enquanto eu arrumava as folhas da samambaia que comprei para a sala da minha casa, pensei em meus sentimentos. Decidi comprá-la porque queria tornar mais alegre o lugar onde moro, o lugar onde deveria ser o meu porto seguro. Troquei a cortina e o tapete. E a samambaia foi o que determinei ser o ponto vital de tantas mudanças. Pensei que se houvesse alguma coisa com vida, que pudesse simbolizar tudo o que está decididamente mudando em minha vida, eu me sentiria mais motivada. Como se a vida dela dependesse da minha.
Enquanto a mulher que me vendeu a planta me explicava como teria que regar, cuidar, percebi que o mesmo tenho que fazer com meus sentimentos. Eles só poderão ser saudáveis se eu cuidar com carinho de mim mesma. A minha samambaia me ensinará muito sobre o amor. Fará eu perceber que nada vem sem dedicação sincera e constante. Um dia de cada vez. Degrau após outro. Paciência comigo mesma. Compaixão comigo mesma.
E agora sentada, olhando as pequenas mudanças na minha sala, noto que é errado parar o olhar na parede que precisa de reforma ou no piso que já perdeu o brilho. O tapete e a cortina novos já são importantes mudanças e tenho que curti-las. Assim como ter vivido um dia tranqüilo é motivo de comemoração. Cada sentimento tranqüilizando-se é motivo de comemoração. Porque tudo é um processo. E a tão almejada felicidade não está no fim, mas no processo. Não está na minha samambaia com folhas enormes, caídas e verdíssimas de daqui a alguns meses, mas no seu tamanho pequeno, tão sensível e em processo de mudança de agora, que preciso perceber a cada dia.
Ouvindo: Ray J – One Wish
Foto: Minha Samambaia.
Dedicado a Raphael Tito.
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