domingo, 9 de maio de 2010

Frescor dos Tempos da Faculdade.


Ela estava sozinha. Era minha chance. Há um ano a encontro e claramente ela me ignora. Um dia até tentei falar mas sua postura foi tão ríspida que fiquei constrangida. Estranho. Ela era a Miss Simpatia nos tempos da faculdade. Carinhosa, sempre feliz e sorrindo. Lembro que um colega dizia que todos os seus e-mails vinham com desenhos de ursinhos sorrindo.

Levantei-me e fui até ela. Pedi licença para sentar com uma falsa educação porque não poderia permitir que negasse. Ela não gostou. Disparei, sem demora “queria fazer uma pergunta: por que você não fala comigo”. Ela paralisou. “Não sei, não tenho uma resposta, estranho me perguntar isso”. Eu disse que não era estranho já que convivemos quatro anos e que eu lembrava dela com muito carinho.

O diálogo não foi promissor e ele não importa muito neste texto. O que me fez pensar durante o caminho voltando para casa é o quanto nós mudamos ao longo do tempo e deixamos de ter o frescor dos tempos da faculdade. Falo daquela característica irresponsável que nos tornava únicos. Algo que superava a importância do dinheiro, de um emprego estável, da pressão de um casamento, entre outras coisas.

Ela não mudou muito fisicamente, suas roupas e cabelos continuam quase os mesmos. Mas ela mudou a melhor parte, pelo menos para mim. O olhar puro. Hoje ela tem mágoas, é rude.

O que hoje eu carrego comigo que não levava antes? Embora eu me sinta muito melhor hoje que nos tempos de faculdade, será que as pessoas ao me encontrarem por acaso saem com uma impressão de eu ter pedido algo muito meu?

De Eliana para Eliana: hoje sou resultado de uma batalha vencida contra uma montanha de medos e mágoas. Hoje meus sorrisos são constantes e minha disposição de ser feliz renovada a cada manhã.

Na segunda vez que ela comentou que achava estranho eu fazer tal pergunta, finalizei dizendo que nada do que era importante para mim era estranho, que eu ia atrás quando algo valia a pena para mim, e ela valia. Isso pelo menos eu sei que preservo dos tempos da faculdade ou desde que nasci.

Ouvindo: Believe - Cher

Foto: Jackie DeShannon.

2 comentários:

Valentina Becker disse...

Adorei teu blog.
Textos bons escritos com sensibilidade são tão difíceis de se encontrar!!
Beijos

Eliana de Castro disse...

Obrigada, Valentina!
: )
Espero vê-la mais vezes por aqui!