terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sérgio Saas. Vencedor. Raiz Coral. Vencedor.


Um homem de 35 anos, aparentemente, cantava com os olhos fechados perto de mim. Sozinho, imerso em sensações e pensamentos, sentia a letra com verdade. Transpirava fervor. Parecia pedir entusiasmadamente, ali, que algum desejo se tornasse realidade. Vencedor, a música carro chefe do terceiro álbum do Raiz Coral, foi a canção que alcançou esse personagem a ponto de chamar minha atenção. Invejosa de sua capacidade de entrega, tentei trazer à memória meu grande sonho. Impossível, óbvio. Ninguém vive a experiência do outro mesmo que o desejo seja ardente. Parada, mirando esse rapaz, pensei: Quem são eles? O que eles têm? O que é diferente na lista invejável de shows nacionais e internacionais que eu já vi? Lançado para uma plateia não tão cheia em números, mas inundada de desejos de conquistas, o lançamento do álbum Vencedor, do Raiz Coral, entrou para o hall dos grandes shows.

Por quê? Ao rascunhar essas linhas, ainda sinto-me plainar em percepções. Não é fácil falar de um show que mexe com sensações mais escondidas. Os cantores ali, além da missão de fazer um grande espetáculo, buscam chegar a um lugar escondido. Porque se consideram instrumentos, porque acreditam em alguma coisa diferente. Em busca de respostas que talvez sejam impossíveis de colocar em palavras.

Painéis em LED ao fundo, uma orquestra à esquerda e uma banda à direita abraçaram os cantores posicionados ao meio. Vestidos em tons neutros, do branco, passando pelo nude e oscilando entre várias nuances do marrom, cada um tomou seu lugar até o líder entrar por último: Sérgio Saas. Quando a primeira canção começou e foi dada a largada para o início do espetáculo, a plateia já estava completamente rendida e esquecida da espera angustiante de mais de 1h30.

Ritmado, potente, as primeiras canções revelaram um grupo mais maduro e menos necessitado de holofotes. A união estava ali. Destaque sublinhado para os solos de Paloma Possi. A presença de palco da garota mostrou que não só as vozes estão aprovadas no quesito profissionalismo. A postura de Sérgio Saas ao tomar o lugar de qualquer cantor que dava um passo a frente para solar, tornando-se um deles, também causou-se profundo encanto. O líder expressou sem palavras que não existe diferença. E o resultado dessa mudança de posicionamento emocional e espiritual foi possível notar ao longo do show. O recuo de Sérgio Saas como a figura central foi estratégico para a valorização do todo perante a plateia e parece que, do todo perante eles mesmos. E o maior vencedor com isso foi o próprio Sérgio Saas. Na ânsia de vê-lo brilhar, a espera foi muito bem compensada. O solo Lugar Secreto – estupidamente lindo – e as três músicas finais mostraram o artista completo. Ele cantou, dançou, exibiu belíssimos sorrisos e falou com uma graça arrebatadora – algo que senti falta desde o início do show até entender que ele não precisa mais disso. Com 32 anos, Saas exibe performance dos grandes astros - e não vou dizer que ele está no ápice de sua carreira porque sei que ele pode alcançar mais. O potencial de Sérgio Saas chega parecer infinito, como nossa capacidade de nos espantar diante de uma interpretação qualquer exaustivamente exibida. E nos espantamos sim. E ficamos boquiabertos sim.

O orgulho de Saas ao dizer que tudo o que foi apresentado foi “orgânico” – querendo dizer que tudo foi tocado ao vivo, sem nada gravado – foi orgulho também de todos os que apostam na música gospel no Brasil. Talento há, potencial há. Tudo depende do trabalho duro e do quanto o artista está disposto a se desamarrar de velhos hábitos nocivos: de uma apresentação amadora no que se refere à presença de palco, passando pelas roupas, cenários, chegando à recepção dos convidados – o mais grave ponto fraco desse show. Tantos anos na estrada e eles ainda não encontraram a produção de evento perfeita. Quem pagou não mereceu o que recebeu em termos de recepção.

Mas Vencedor alcançou a linha de chegada. Prova o amadurecimento, a paixão, a força da mensagem e, principalmente, a genialidade de seu líder. E coube perfeitamente para Sérgio Saas a palavra ministrada pelo Pastor Roney Oliveira: "o pódio não faz um vencedor, ele apenas torna público o que já existia em secreto".

Trabalho. Trabalho. Trabalho.

Ouvindo: Lugar Secreto – Raiz Coral.

2 comentários:

Unknown disse...

Eu simplesmente amei o post,amo as musicas do Sergio Saas e Raiz coral,todas tem o poder de tocar a alma,acompanho a carreira deles desde o começo,agora estão em um momento lindo! Parabéns pelo Post!
http://gospel-soul-jacke.blogspot.com/

Rita de Cassia disse...

Nossa amei sua sensicibilidade e sua compreenção e até sua critica quanto a recepção...mas eles RAIZ CORAL E SERGIO SAAS crescerão muito... e vc com sua arte trara a eles forças para continuar brigadooooooo Parabens