segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Há Tantos Anos...


Em nome de quem temos que sustentar uma decisão que tomamos há muitos anos? Como um casamento em que não sentimos mais paixão, mas que em nome dos filhos blá blá blá. Em nome do que ou de quem nos prendemos quando o desejo é outro?

Hoje li sobre os pensamentos de Kierkegaard. Quando ele fala sobre o estágio estético, quando vivemos pelo prazer e somente buscando o prazer (e lemos prazer no sentido de coisas agradáveis e não sexual), penso se não é assim mesmo que a vida deve correr. Como um compromisso que fazemos com nós mesmos assim que acordamos, jurando viver o dia da melhor maneira que pudermos. Mas não é egoísta tal pensamento? Se o nosso prazer é o alvo sempre, não corremos o risco de deixar pessoas machucadas pelo caminho? Talvez não seja em nome dessas pessoas que nos abandonamos em algum momento e não vivemos como queremos viver?

Kierkegaard fala também sobre o estágio ético, quando a vida nos força a tomar decisões marcadas essencialmente por uma vida coerente governada por normas morais. No casamento, por exemplo, deixamos a experiência romântica de lado, tão naturalmente, e passamos a viver um acordo econômico e social. Um pouco frio, eu sei. Mas todas as relações que observo são assim. E pode até ser que outras coisas compensem, mas custo a acreditar. Para mim, a realidade é que tudo muda com o passar do tempo e temos de agir como se não mudasse. E tenho medo sim de provar do veneno de minhas próprias palavras quando me casar, por exemplo (acredito que a negação de nossos desejos esteja em outras questões também).

A vida me surpreende sempre com pessoas que não vivem o que desejam viver. E se vivem, culpam-se tanto. O não viver é tão comum que já faz parte da vida. Uma triste ironia.

Ouvindo: Bon Jovi - This Ain't a Love Song.

Foto: Rio de Janeiro, minha última viagem.

Um comentário:

Anônimo disse...

mto bom, eliana. que grande capacidade de síntese vc teve. bjo!