terça-feira, 29 de julho de 2008

Consciência.


Para quem gosta de observar pessoas, não há campo de pesquisa melhor que transporte público. Ônibus, trem, metrô. A quantidade de anônimos, e todos tão diferentes, é como uma vitrine daquelas docerias caras e aconchegantes, não sabemos o que/quem olhar.

Antes de entrar no trem, hoje, estive numa livraria. Olhei títulos que nunca havia pesquisado, sobre práticas e teorias espirituais. Não falo dos livros de auto-ajuda, mas os de religião mesmo, aquelas bem fundamentadas como islamismo, budismo. Num dos livros, li sobre como realmente somos mais felizes quando estamos conscientes de nossos atos, sentimentos e pensamentos.

Estar feliz... Quantas pessoas desejam isso e nem se deram conta de que procuram no lugar errado. E procuram até mesmo nas prateleiras das livrarias, como se ali estivessem receitas úteis a serem experimentadas. É interessante como cresce o número de títulos sobre a felicidade. Quase na mesma proporção que pessoas adoecem por não saberem onde encontrá-la.

Observando as pessoas no trem, pensei sobre os diversos tipos de vida que elas devem levar. Havia uma moça tão claramente melancólica. A minha frente um rapaz metido a conquistador, olhando para o mínimo da minha barriga que aparecia. Será que ele já conquistou um grande amor com aquele olhar? E o que havia acontecido no dia daquela moça para ela ter aquele olhar tão distante? Quem, ali, observava sua própria vida como se estivesse fora do corpo?

Descendo na estação destino, andei mais devagar, quis sentir cada passo dado, literalmente. Calcanhar, ponta dos dedos, calcanhar, ponta dos dedos. Senti como minhas mãos e meus braços se moviam naquele ritmo. O estado de consciência. O que eu pensava? Realmente é muito boa a sensação de viver.

Fotos: Tiradas no trem; arquivo pessoal.

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