quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poderes e Responsabilidades - Comentário.


Meu amigo Everton me mandou o link de um post do Blog do jornalista Gustavo Poli, do Globo Esporte, falando sobre o caso do goleiro Bruno, do Flamengo. Ele pediu para eu ler e dar a minha opinião. Resolvi colocar aqui também como uma forma de estimular a busca de si mesmo – nunca o julgamento porque isso só pertence a Deus. Para quem quiser ler, vale muito a pena pelo incrível texto e questionamentos.

http://globoesporte.globo.com/platb/gustavopoli/2010/07/08/poderes-e-responsabilidades/

Segue:

O jornalista Gustavo Poli é o tipo de cara que imagino ser insaciável, alguém que possui um buraco na alma e vive constantemente em busca de respostas. Para suas perguntas, para as perguntas dos outros - ele é jornalista! -, mas, principalmente, para as perguntas sem respostas. Ele é do tipo que anota as frases impactantes dos filmes. A primeira eu sempre ouvi de uma amiga, ela sempre me dizia isso quando eu queria desistir de uma pessoa, por não aguentar compreender mais e ter que fazer cara de botox e ainda não ter de volta alguma coisa, o mínimo de uma relação. Ela me via com esses grandes poderes e sempre me lembrava que não adiantaria eu chorar. Na hora que comecei a leitura me emocionei porque lembrei dela e já previ o que viria a seguir.

Agora, a frase do Cage é de escrever no teto do quarto para ler todo dia quando acordar. Linda. Aliás, não é linda, é séria! E a dança com o demônio começa sempre com sentimentos pouco perceptíveis para si mesmo como orgulho, presunção e, como ele disse sabiamente, a sensação de estar acima do bem e do mal. Mal dos famosos? Dos poderosos? Não sei. Essa parte é muito discutível porque para mim todos somos poderosos, porque abraçamos um número X de pessoas e para elas somos modelos ou mesmo quando não somos modelos, se temos um pouco mais de poder de persuação, fodeu. Levamos qualquer um para qualquer lugar.

O que está acontecendo com o Bruno acontece todos os dias com muitas outras pessoas. Muitas outras famílias perdem filhas (não estou de forma alguma achando que a mulher é 100% vítima, por mais chocante que isso possa parecer). O que faz com que o caso seja chocante é por ele ser um cara que nunca, nunca, nunca, seria capaz de fazer algo assim, por um motivo óbvio: ser esportista. E ser esportista para mim significa muita coisa que vai além de ser disciplinado ou sarado. Envolve o que se come, como se vê o outro, como se supera limites (físicos e emocionais), entre outras tantas coisas. Existem muitos Brunos por aí, nesse exato momento caindo na real, vendo que sua divindade foi só uma historinha que sua consciência prepotente contou ou talvez o próprio diabo. Embora eu nem goste tanto de responsabilizar o diabo por certas coisas por achar que Deus nos deu inteligência suficiente para sabermos escolher. Mas que seja o diabo, a influência de amigos do mal ou a própria sina de alguém que não consegue entrar em contato com o seu eu (isso sim é mega perigoso).

A questão final que o jornalista coloca é muito mais importante que qualquer outra linha cheia de pensamentos elaborados. Você fuma perto do seu filho? Eu minto para meus amigos ou pessoas que eu amo. Eu sou capaz de ser alguém que transgride porque acha que transgredir é ser livre? Um dos versos bíblicos que mais amo e acho de uma riqueza incapaz de absorver é: conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará. Hoje, na favela, nos bairros nobres, nos uniformizados ou nos engravatados, quase só é possível ver prisão. Prisão sentimental, física (tais pessoas não conseguem nem cuidar do próprio corpo) e, neste caso, emocional, porque perde o valor de si mesmo, porque a pessoa nem contabiliza o mal que fará a si mesmo sendo preso, sendo uma vergonha nacional e afins. Os problemas sociais citados no texto, as cidades partidas e valores partidos para mim são só reflexos de almas partidas.

Ouvindo: Maria Gadú – Lounge.

Foto: Da Internet.

Um comentário:

Mente Spartana disse...

Bom, primeiramente: parabéns mais uma vez!

O texto está perfeito, tudo o que eu diria (e mais um pouco), parece uma daquelas explicações freudianas -e de fato tem bastante fundamento, principalmente o lance de pessoas que passam pela vida de forma totalmente embaraçosa e tortuoso numa busca mal sucedida pelo próprio ego; tem razão, aí é que mora o perigo.