sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Incêndio e o Tempo.

Olhei para a Roberta Milani e comentei “acho que vai chover, o céu está escuro”. Da minha mesa é possível ver parte do céu, entre alguns prédios. Continuei olhando até que notei que algo estava estranho. O céu escuro eram nuvens muito pretas, anúncio de algum incêndio. Descemos até o estacionamento e nos deparamos com um imenso e cruel incêndio na Favela do Real Park.

Não consegui assistir aquilo tão de perto, tanta destruição e rápida destruição. Quando voltei à minha mesa, o fogo havia se alastrado tanto que já era possível assistir de camarote. Arrepios profundos surgiam em meu corpo. Todos os meus problemas sumiram. Famílias inteiras não tinham mais nada. E acima de qualquer perda material, muitas delas não possuem agora sequer esperança de um recomeço.

Quando troquei a frase do meu MSN para “Incêndio. Muito triste. Deus esteja com todos”, imaginei que muitos ali, vítimas, devem estar se perguntando: “onde está Deus?”. Pergunta tão antiga quanto o próprio fogo. Ninguém consegue responder com precisão o papel de Deus diante das tragédias.

Quando acordei, coloquei uma música antiga, linda, e cantei de olhos fechados por alguns segundos: Meu Jesus, Salvador, outro igual não há/ Todos os dias quero louvar as maravilhas de Teu amor/ Consolo, abrigo, força e refúgio é o Senhor/ Com todo o meu ser, com tudo o que sou sempre Te adorarei/ Aclame ao Senhor toda a Terra e cantemos/ Poder, majestade e louvores ao Rei/ Montanhas se prostrem e rujam os mares ao som de Teu nome/ Alegre te louvo por Teus grandes feitos/ Firmado estarei, sempre Te amarei/ Incomparáveis são Tuas promessas pra mim.

No momento que tragédias como essa passam diante dos olhos, qual a sensação que deve permanecer? O que entendemos ser Deus ou em que/quem nos seguramos quando tudo falha? Esperar que nossa própria vida mude para mudarmos nossos pensamentos e sentimentos pode ser por demais arriscado. Como o fogo que queima sem piedade e destrói tudo rapidamente, o tempo também não espera até que nos sintamos preparados para viver, sentir ou fazer. A vida mais uma vez é agora.

Ouvindo: Melody – Ray J.

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