Os tempos são outros. Beyoncé é outra e talvez porque não precise mais de dinheiro ou de um lugar ao sol no mundo pop, ela surpreende em “4” (Sony, 2011). Nunca tive um bom encontro com Beyoncé. Isso não quer dizer que eu não reconheça seu talento. É que sempre me irritei ao extremo com suas músicas superficiais, seu rebolado que mais parece uma possessão demoníaca da cintura pra baixo e seus videoclipes cafonas. Volto a dizer, isso nunca significou que eu não reconhecesse seu talento.
Tenho certeza que muitas pessoas vão estranhar este texto, principalmente as que me conhecem, mas eu não seria justa se eu não falasse sobre “4”. Confesso que não quis chegar perto do disco, mas uma crítica na Folha de S. Paulo me fez mudar de ideia e estou eu aqui, falando sobre Beyoncé. Sobre “4”. Sobre o fato de eu já ter ouvido o disco inteiro várias vezes.
“1+1” é a canção que abre o álbum. Adoro sua melodia calma e, principalmente, como o solo de guitarra inebria. Gosto muito de baladas que deixam a guitarra brilhar. É uma música que seduz.
Forte, emotiva, “I Care” tem em seus primeiros segundos uma bateria bem marcada. Um som que, aliás, agrada muito e sai na contramão do que Beyoncé já fez até aqui. Os vocais não me deixam tão feliz com o seu “La La La La”, mas, ok – é uma música que encanta mesmo assim.
“I Miss You” é linda. Outro som diferente. O primeiro minuto atrai pela suavidade de sua voz. Beyoncé quando canta de verdade – e não grita – é capaz de hipnotizar. Um dom que ela realmente tem: interpretar.
Como nem tudo é perfeito – e ficou um pouco pior depois que a cantora lançou o videoclipe - “Best Thing I Never Had” é a segunda música de “4” que não gostei. E como sempre acontece, as piores do álbum são sempre as primeiras a serem lançadas. Como citou sabiamente minha querida Beatriz Granthan, duvido que Beyoncé consiga ouvir seu próprio disco inteiro de uma só vez. Estridente. Ponto. E não superei ainda aquele vestido de noiva no videoclipe.
“Party” é uma canção ótima, com participação de André 3000, e com “Rather Die Young” são as faixas de “4” nas quais é possível notar com mais clareza o retorno de Beyoncé ao R&B.
A minha segunda preferida, “Love On Top” é uma delícia. Com nítidas referências 80’s, Beyoncé apresenta uma de suas melhores canções até hoje. Seus minutos finais permitem viajar e, também, imaginar a canção em algum filme gostosinho de assistir.
Só que nada supera “Lay Up Under Me”. Nada! Com toda a verdade do meu coração: está canção arrebenta! Linda, gostosa de ouvir, com ótima interpretação. Os metais são a cereja do bolo que foi, sem sombra de dúvida, feito com muito carinho. Não pode ser o contrário. Beyoncé ganha meu respeito nessa canção. Mesmo eu não prometendo nunca mais falar mal dela, estou realmente com outros conceitos. “Lay Up Under Me” é a prova de que, quando se quer, é possível fazer música boa.
Não vou me demorar em ”Run The World”. É, para mim, a pior música do disco. Que saco! Foi a primeira música de trabalho. Consegue me entender? E como se não bastasse, a versão deluxe ainda traz três remixes.
Como gostei muito de “4”, termino meu texto falando de “Schoolin’ Life“. Top 3 do álbum. Sério. A nega mandou muito bem. E a prova maior dessa verdade é – infelizmente – Beyoncé ter vendido tão pouco. É muito triste ver um disco como “4” encalhado. Com menos rebolado, com mais sonoridade e bom gosto, Beyoncé lança um disco que merecia o estouro do anterior. Seu alter ego nunca teve nada a dizer. Em “4” a própria Beyoncé tem.
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