Confesso que a morte de Amy Winehouse me abalou muito mais do que pensei que fosse abalar. No sábado, assim que li a notícia, fiquei horas pensando, pensando, pensando. É meio louco, mas não saía de minha mente a pergunta: como ela deveria estar se sentindo horas antes? Imagino que poucas pessoas percam tempo com esse tipo de pergunta. É que, depois que li sobre o show dela aqui em São Paulo – uma análise, inclusive, que publiquei aqui – senti uma empatia tão grande por seu trabalho e pessoa.
O primeiro contato que tive com a música de Amy Winehouse foi através de minha amiga Silvana Pereira. Nos melhores tempos de nossa amizade, fazíamos companhia uma para a outra sem precisar interagir – isso pode parecer meio louco – é que simplesmente bastava a companhia, e cada uma seguia fazendo alguma coisa independente. E ela ouviu incansavelmente Rehab. Aquilo, óbvio, me deixou com uma preguiça absurda de Amy Winehouse.
Passada a febre de 2008, em 2009 voltei a ter contato com a britânica. Meu último romance tinha seu DVD e víamos em seu carro, enquanto íamos para qualquer lugar. Com ele passei a gostar mais dela. Gostar o tanto que ela merecia. Mas realmente nada se compara à sua passagem pelo Brasil. Saber que as pessoas desejaram sua queda em público, ou algum tipo de vexame, colocou Amy em outra categoria em minha vida. E de tão romântica ou ingênua, torci muito para que ela conseguisse virar o jogo.
Enquanto escrevo, escuto seu primeiro álbum, “Frank” (Universal, 2004). O disco apresenta uma Amy diferente. E confesso que gosto um pouco mais. Não digo que é uma Amy limpa, porque não considero nada do que houve com ela ou seus hábitos como sujeira. Ela está sem pressões, talvez.
Não tenho capacidade de entender os sentimentos e a mente de Amy porque, óbvio, não posso ler mentes e porque não sou genial como ela foi. Mas quando tento entendê-la consigo pensar que tudo isso aqui que vivemos não consegue suprir essa ânsia por algo maior. E é sempre nesse vazio que a música vive.
Fico pensando que a mediocridade não permite que se alcance os pensamentos dessa moça. Uma pena que seu refúgio tenha despencado sobre sua cabeça e sufocado para sempre sua voz.
Não tenho a genialidade da Amy, mas experimento vez ou outra um tédio que só a arte consegue suprir. E sou feliz, de verdade feliz, porque outras coisas me preenchem. Deus. Yôga. A liberdade que se expressa através do vento, o mesmo vento que é capaz de bater em meu rosto e me fazer sentir viva.
Sei que correrei o risco de parecer muito prepotente, mas eu não seria honesta se eu não contasse que a morte de Amy me fez sentir vazia, de alguma forma vazia. É como se mais uma que me entendesse partisse.
Pensei muito em não redigir este texto. Não ser mais uma que se aproveita do assunto. Mas eu amo tanto a música, a arte, que eu não poderia deixar de dizer: R.I.P. Amy Winehouse.
3 comentários:
Sabe Li, entendo o vazio que sentiste com essa situação.Sim, Amy enquanto cantora foi admirável...Contudo, devemos lembrar que a vida é feita de escolhas...Livre arbítrio...sem pretenção de julgar...vamos olhar para nós e tentar fazer escolhas acertivas. Oxalá essa vida curta de Amy, nos sirva...nos mostre novos caminhos a trilhar...!
Beijos...com carinho e imenso afeto...Mila.
Sim, sim, querida. A vida é feita de escolhas. E sei que a conta sempre vem. E é triste ver que pessoas como ela não souberam pesar as perdas e ganhos em cada escolha. Lembro-me sempre disso diante de qualquer veneno. Seja uma comida imprópria, uma bebida, um hábito e até um pensamento. Love.
Pífio e patético o seu texto, senhora da razão.
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