Se “Meia Noite em Paris” de Woody Allen fosse “Meia Noite em São Paulo”, imagino que poderia ser ambientado na época que antecedeu, aconteceu e reverberou a Semana de Arte Moderna de 1922. O livro base que daria repertório para o roteiro de Allen seria “1922 – A Semana que Não Terminou”, do jornalista Marcos Augusto Gonçalves. Que livro maravilhoso! Não apenas pelo assunto que é tão emblemático para quem estuda e gosta de cultura como pela maneira que o jornalista organiza as histórias e os personagens, em textos curtos e leves, deixando a leitura fluída e, como gosto de falar: você vai lendo, vai lendo, vai lendo e quando percebe está quase no final.
Um diferencial que me tocou bastante neste título é a preocupação do jornalista de contar um pouco sobre a vida de cada personalidade que tornou essa semana um evento tão divisor de águas. Marcos Augusto Gonçalves fala sobre as relações pessoais dos artistas e coloca cada um em seu devido contexto social, familiar e político. Quando entramos de fato no relato do que houve na semana temos “conteúdo” – não profundo sobre cada um –, mas suficiente para entender de verdade o que aconteceu nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal. O livro é um excelente ponto de partida para quem deseja se aprofundar no assunto.
O jornalista Marcos Augusto Gonçalves estudou literatura na PUC-RJ e cursou o mestrado em Comunicação na UFRJ. Nada foda – permita-me o palavrão - foi editor da “Ilustrada” e do caderno “Mais!”, na Folha de S. Paulo, onde também exerceu o cargo de editor de “Opinião”.
“1922 – A Semana que Não Terminou” vale demais a leitura.
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