Não tem a ver com música, mas tem a ver com sensibilidade, com o olhar apurado e doce que devemos ter o tempo todo com a vida, com as pessoas, com o que acontece diante de nossos olhos. Eliane Brum é simplesmente sensível e constantemente publica textos interessantíssimos no site da Revista Época. Hoje, Eliane Brum publicou: “Me Chamem de Velha”. Foi impossível não parar para pensar: todos nós seremos vítimas de uma sociedade que discrimina grosseiramente os mais velhos. E quantas vezes nós mesmos não fazemos isso com piadas idiotas? É fácil falar a “sociedade” sem se sentir parte dela.
Agora sim, no universo da música e da cultura, quantas piadas lemos e ouvimos sobre Madonna que continua humilhando todo mundo com seu talento. E fico sempre tão ofendida quando vejo uma foto dela usando aquelas luvas. Em que momento foi tirado o direito de exibir a pele mais fina? Raios! Diante de tanto brilhantismo, Madonna merece ser manchete por suas mãos?
Recomendo a leitura do artigo de Brum. Torço para que vire um vírus na rede, para que cada vez mais pessoas se conscientizem deste mal dos nossos tempos. Seguem alguns trechos do texto de Eliane Brum:
"A velhice nos lembra da proximidade do fim, portanto acharam por bem eliminá-la. Numa sociedade em que a juventude é não uma fase da vida, mas um valor, envelhecer é perder valor."
“Alguém vê um Boris Schnaiderman, uma Fernanda Montenegro e até um Fernando Henrique Cardoso como idosos? Ou um Clint Eastwood? Não. Eles são velhos.”
“Acho que devíamos nos rebelar. E não permitir que nos roubem nem a velhice nem a morte, não deixar que nos reduzam a palavras bobas, à cosmética da linguagem. Nem consentir que calem o que temos a dizer e a viver nessa fase da vida que, se não chegou, ainda chegará. Pode parecer uma besteira, mas eu cometo minha pequena subversão jamais escrevendo a palavra “idoso”, “terceira idade” e afins."
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